Anti-inflamatórios: O que são?

5 de set. de 2024

                Você está saindo de um taxi ou uber, com pressa, e, sem perceber, acaba pisando em um buraco na calçada. Resultado, um joelho torcido e inchado. Outro dia, após uma mudança em que você se viu obrigado a levantar uma quantidade interminável de malas, mochilas e moveis, aquela dor na região lombar apareceu. Uma dor de cabeça surgiu de repente, mas aquela reunião de trabalho não pode esperar... O que essas situações tem em comum? Em todas elas, provavelmente você teria recorrido a medicações para aliviar a dor, correto? Remédios como Ibuprofeno, Diclofenaco, Cetorolaco, dentre outros. Todos esses remédios fazem parte de uma família de drogas chamada de anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs para os mais chegados). Vamos conhecer um pouco mais a respeito.

                Essa classe de drogas possui muitas substâncias que possuem algumas diferenças na sua molécula, porem atuam no alívio da dor, da febre e da inflamação dos tecidos por um mecanismo comum: São inibidores das ciclooxigenases, Cox para os íntimos. Essas enzimas são responsáveis por controlar diversos processos no nosso corpo, dentre eles o aumento da temperatura que ocorre na febre e a produção dos sinais de inflamação (dor, calor, inchaço).

                Quando tomamos esses remédios, impedimos a produção dos mediadores inflamatórios, mensageiros que sinalizam a inflamação ao nosso corpo, provocando alívio da dor. São medicamentos que tem uma potência muito grande e estão entre as drogas mais utilizadas no mundo todo.

Quando devemos tomar anti-inflamatórios?

                Importante frisar que o uso dessas medicações deve sempre ser prescrito e orientado por um médico, combinado? Elas serão recomendadas quando for necessário o uso de substâncias analgésicas, para aliviar a dor dos pacientes. Um cenário muito comum é em pacientes que foram submetidos a procedimentos cirúrgicos. Nestes casos, um dos objetivos é, inclusive, diminuir a necessidade de analgésicos mais potentes e com mais efeitos colaterais, como os opiódes (aquelas substâncias que são derivadas/parentes da morfina).

                Em pacientes com dores crônicas como a artrose, os anti-inflamatórios estão entre as principais ferramentas para melhorar a qualidade de vida e função, sendo recomendados por diversos guidelines das sociedades mais respeitadas no mundo.

Quais os cuidados que devemos tomar?

                Tudo na vida tem um preço e aqui não poderia ser diferente. Essas substâncias, apesar de seguras e muito utilizadas, possuem alguns efeitos colaterais sérios que devemos atentar. Dentre eles, complicações gastrointestinais como gastrite, refluxo e até mesmo sangramentos gastrointestinais. O uso concomitante de protetores gástricos, como o pantoprazol ou algum de seus pares, pode amenizar esses sintomas, mas não protege completamente o paciente.

                Outro efeito colateral possível e potencialmente grave está relacionado aos rins. Infelizmente a enzima cox faz parte do controle da função renal e o uso de anti-inflamatórios pode levar a lesão irreversível desse órgão. O risco é maior com o uso prolongado, de tal forma que sempre tentamos restrigir ao máximo seu uso, evitando tratamentos prologados por mais de 5-7 dias na grande maioria dos casos.

                Existe, ainda, um risco aumentado de infarto agudo do miocárdio (vulgo ataque cardíaco) associado ao uso de anti inflamatórios.

O que você recomenda Ricardo?

                Os AINEs são ferramentas poderosas no controle da dor aguda, sendo o melhor cenário para sua utilização. Em pacientes com dores mais crônicas, devemos minimizar o seu uso, sendo restrito aos momentos de crise e agudização.

                Sempre associo o uso de protetores gástricos, para evitar que o paciente sofra com aquela azia desconfortável.

                As medidas não-farmacológicas como gelo, calor, massagens... são fundamentais para reduzir a necessidade de utilizarmos remédios, sendo sempre recomendadas aos meus pacientes.
                Resumindo: Usar na menor dose e no menor tempo possível para reduzir danos colaterais.

Gostou desse conteúdo? Te ajudou de alguma forma? Assine nossa Newsletter e compartilhe com seus amigos e familiares.

 

Dr. Ricardo Duran Sobral

CRM: 52 1106287

TEOT: 18355

RQE: 44191